No ano em que o mundo celebra os 40 anos da interminável geração de Woodstock, fizemos uma retrospectiva das últimas 2 décadas da música cristã brasileira (ops! desculpe, gospel) É verdade que durante os anos 80 houve uma grande explosão musical que influenciaria e marcaria as gerações até os dias de hoje… de Michael Jackson, Bruce Springsteen, Toto Band, Aha e tantos outros nomes (Madonna, Cindy Lauper…) no Brasil, Legião Urbana, Kid Abelha, Barão Vermelho e Cazuza por assim vai.
Nessa época, a musica Evangelica ainda chamada de música de crente, no Brasil passou por significantes mudanças muito bem vindas e necessárias. O comportamento social da igreja tambem passou por mudancas profundas o que permitiu uma abertura mais ampla da mensagem transmitida. (independentemente do que se desejava pregar através das mesmas) mas o que fato é de que naquela época, as igrejas (na sua maiorias as pentecostais) usavam ainda hinos e corinhos, simples e fáceis de cantar, que foram introduzidos pelas cruzadas evangelisticas vindas da America do Norte nas décadas de 50 e 60. A fabricação dos Lps era praticamente artesanal e não haviam muitas gravadoras especializadas no seguimento “gospel” que ainda estava por vir.
Quem não se lembra daqueles Lps “bregas” com a “cara” do cantor estampado na capa? Jair Pires, Andreia Fontes (que era o sucesso da igrejas pentecostais com seu “Joao Viu”), Shirley Carvalhais – que vivia correndo do Faraó! Irmãs andorinhas e passarinhas e infindáveis quartetos regionais com o nome Arautos do Rei do príncipe ou embaixadores de Cristo. Tudo muito simples!
A música cristã ainda vivia fora do chamado mercado consumidor e ser cantor, muitas vezes, não requeria mais do que ter um testemunho muito forte e um “louvor” muito forte, o pensamento da igreja ainda era outro, muitas denominações ainda usavam o forte hábito de “botar fogo no diabo” e chamar “pelo anjo com a espada de fogo” transformando (alguns cultos de algumas igrejas) num próprio Cirque du Soleil!
Na decada de 80 na California, a Chapel Calvary Church introduziu um segmento de Cds totalmente inovador chamado “Praise and Worship” (louvor e adoração) com o selo que viraria a se tornar Vineyard Music, aonde comecou-se a padronizar os louvores de forma que as canções tornaram-se uma mistura de coral, com bandas e música ao quase-vivo, de uma forma mais simples. Essa nova empreitada foi quem finalizou com um famoso movimento de cristãos que desde os fim dos anos 60 lutaram e relutaram contra o movimento Hippie na california, criando a Jesus Music, para atrair jovens (esse mesmo movimento criou o slogan Jesus Freak).
Já no Brasil a música cristã ainda era vista apenas como “primeira parte” do culto, sem muita influência na igreja, houveram muitos grupos que lutaram vigorosamente para cantar mais de 3 músicas durante o culto e ainda havia pastores que nem durante o louvor ficavam: Subiam pregavam e pronto.
Mas houveram também, grandes pioneiros ainda nessa primeira fase das mudancas de comportamento da igreja em relação a música, o Brasil produziu grandes cantores ; Banda Logos, Rebanhao, (VCP) Vencedores por Cristo, Adhemar de Campos, Asaph Borba e Altos louvores e Joao Alexandre, somente para citar alguns. Ainda pouco influenciados pela música no exterior que ja havia consagrado Amy Grant, Ron Kenoly, a Serie Winds of Worship da Vineyard, Don Moen.
Rebanhão |
Já no inicio da década de 90 o mercado de música gospel se estabilizou e cresceu, MK publicitá toma conta do mercado brasileiro, Aline Barros passa a primeira nas paradas com Consagração (ela cantou até na Xuxa esse louvor) ela ainda era da Com. Vila da Penha , e a música torna-se gospel, outros como Marquinhos Gomes e Sergio Lopes são tambem referência. Aqui inicia-se a fase das gravações ao vivo, podemos colocar em prospectiva nacional a série que creio que foi a mais cantada nas igrejas brasileiras que foi “A Vigilia” com Marcos Goes, delas sairam: ‘Os que confiam no Senhor’, ‘Autoridade e Poder’, ‘Maior e’ o que esta em nos’ e as Séries “Frutos do Espirito” do Daniel de Souza, os primeiros Cds da Renascer Praise – a inconfundível voz rouca da Bispa Sonia – com grandes ministrações e mensagens, divisão vocal incofundível no melhor estilo americano! Bandinhas moderninhas eram Novo Som, Resgate e Oficina G3!
Canções com influências internacionais já haviam chegado aos ouvidos dos cristãos brasileiros, a cancao de Rita Springer traduzida para o português como “ Grande e’ o Senhor” e “Ele e’ Exaltado” ambas cantadas por Adhemar de Campos, e as canções congregacionais como a PIB em Tridande Grava ‘Deus é Maior’ e a Comunidade Internacional da Zona Sul com ‘Rompendo em fe’, E assim (resumidamente) chegamos ao ano de 1997 quando Fernanda Brum é sucesso Gravando o CD Sonhos, que trazia ate uma faixa em CD-Rom (tempos modernos). Grandes gravadoras como Hosana Music/Integrity Music e Marcos Witt com a Canzion Produções!
Ainda no Exterior o Kirk Frankly deixa “The Family” para seguir carreira solo, e M. W Smith é o sucesso entre as irmazinhas, Ron Kenoly e Alvin Slaugther gravam no Congresso Hillsong de 1998 o Shout the Lord 2000 e no final de 1998 no cenário surge no nacional o Diante do Trono com traduções bem arranjadas da Hillsong, Maxwell W., Coreografias e, vejam só, uma irmã usando calça comprida!!! (se vc é novo convertido não deve lembrar da polêmica da calças e dessas dancas ‘estranhas’ no pultipo). Mas apartir daí já sabemos que o cenário da música nacional nunca mais seria o mesmo! Fosse para a pior – bandas magníficas e pastores-cantores-artistas-extravagantes ou para melhor – qualidade das gravações e maior variedade de ritmos e sons – mas é sempre bom lembrar de onde viemos, talvez assim possamos olhar para traz e tentar consertar o presente, para que no futuro possamos voltar a essência de tudo que a música crista (deveria) representar… Jesus somente Jesus!
Fonte: Mauro Guerra – direto da Croácia, via e-mail